quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Igreja Católica e Lusofonia. Um exemplo.

Igreja Católica dá cada vez mais dinheiro e voluntários para países lusófonos

23-09-2008 por António Marujo
Fonte: Público

Bispos lusófonos reúnem-se a partir de hoje em Macau e debatem apoio ao desenvolvimento
Pelo menos um milhão de euros em projectos concretos de desenvolvimento e um número cada vez maior de pessoas a fazer voluntariado missionário. A Igreja Católica em Portugal apoia, através de três das suas instituições, as suas congéneres lusófonas e, apesar de haver muitos programas à espera de dinheiro, essa ajuda tem crescido nos últimos anos.A Cáritas Portuguesa e a Fundação Evangelização e Culturas (FEC), instituída pela Conferência Episcopal Portuguesa, são as duas instituições que mais projectos apoiam. Mas a Fundação Ajuda à Igreja que Sofre contribui também sobretudo para a área da formação do clero e de agentes de pastoral. A partir de amanhã, em Macau, representantes dos bispos dos países lusófonos irão conhecer estes dados em pormenor. Para lá do apoio a projectos, a FEC centraliza a informação sobre voluntariado missionário: há uma média de 300 pessoas por ano a dar pelo menos seis meses para colaborar com missões ou organizações não-governamentais católicas."São desde grupos paroquiais até movimentos como os Leigos para o Desenvolvimento", explica ao PÚBLICO Jorge Líbano Monteiro, executivo da FEC. Meia centena de organizações, muitas delas promovidas por jovens, estão inscritas para estas acções, que incluem formação prévia.
Os últimos dados, respeitantes ao final de Junho último, apontavam para, pelo menos, 283 portugueses que este ano partiriam para os outros sete países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Timor-Leste. Zâmbia, Burundi e República Centro-Africana estão também na rota.
A parte de leão cabe a Moçambique, para onde iriam trabalhar 121 voluntários (43 por cento do total). Há mais mulheres (195) que homens (70) e a maior parte (220) é para projectos de curta duração (um a seis meses). Nos que partem este ano, 62 repetem a experiência antes feita. Nos últimos seis anos, 1689 pessoas foram voluntárias missionárias.Os projectos directamente apoiados pela FEC totalizam cerca de 700 mil euros. E abrangem a capacitação de professores, a criação de centros de desenvolvimento educativo e a reabilitação de um mercado (Guiné-Bissau); a promoção da saúde e a criação de um dispensário (Timor); e o apoio á criação de rádios comunitárias e a centros educativos (Angola). Neste último caso, a FEC conta com a parceria e o contributo do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento.No caso da Cáritas, os projectos dos últimos dois anos incluíram uma componente de ajuda de emergência em Angola (epidemia de cólera em Luanda) e Moçambique (vítimas das cheias). Em Luanda, a Cáritas Portuguesa foi mesmo um dos primeiros apoios a chegar.
Mas os projectos visaram também a melhoria de condições de vida para os catadores de lixo em Fortaleza (Brasil) e a construção de cisternas na Guiné-Bissau.No relatório que os bispos lusófonos analisarão em Macau, até domingo, a Cáritas nota, no entanto, que os católicos portugueses têm sido generosos para campanhas de emergência, mas que é necessário sensibilizá-los para um apoio mais sistemático a projectos de desenvolvimento sustentável.